quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre amizades e balanços


Sentindo a brisa fraca, que mal levantava a areia da praça, sentou-se distraidamente no balanço. Com os olhos semi-cerrados, devido aos poucos e oblíquos raios de sol que ainda resistiam à iminente chegada da noite, balançou-se de leve.

Não ligava para a pracinha quase vazia, a mente há muito andava longe dali. Pensava nos amigos que, naquele momento, não podia encontrar. Como o balanço afastava aos poucos seus pés do chão, aquelas amizades, que um dia foram de convivência quase diária, estavam, naquele momento, fora de seu alcance.

Embalou-se com força, como que empurrando para longe de si todos os abismos de espaço e de tempo, de orgulho, de medo e de silêncios que afastaram e afastavam os amigos; ganhando coragem, aproveitou o impulso e jogou-se para a frente, sem entender muito bem por quê...

Seus pés, firmes, tocavam novamente a areia fina.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O tempo é HOJE!

texto publicado em 14.6.2011, no Portal Católico Mundo Alegrai-vos


Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação. (2 Cor 6, 1-2)
 

Olá, Mundo Alegrai-vos!

Estava lendo a liturgia diária de hoje (13/6/11) e estes versículos em especial me chamaram muito a atenção...

Envolvidos na aura de pessimismo que a situação do mundo hoje inspira, muitas vezes nos desanimamos e olhamos tudo com olhos de frustração e cansaço. E, no entanto, em meio à crise moral que as sociedades hoje enfrentam, à cultura da morte, ao relativismo e a tantos outros males que afetam a nossa vida, a novidade (não tão nova) que São Paulo vem trazer é de que ela está ali, mais perto do que podemos imaginar: a graça de Deus.


É preciso dar-se conta das inúmeras graças que Deus derrama em nossas vidas. E mais – é preciso apropriar-se da graça, não deixar que ela passe em vão. De que adianta receber a graça de Deus, se nada faço com ela? Qual o sentido de esconder uma lâmpada que está acesa (cfe. Mt 5, 15)?


E para poder ”fazer valer” as graças que Deus derrama sobre todos nós precisamos, como São Paulo afirmará nos versículos seguintes a esta passagem, ser dóceis ao Espírito Santo. É isso que nos permitirá perseverar nas adversidades, porque o Paráclito é quem nos ensinará tudo aquilo que hoje talvez não compreendamos: que quem tem Deus, embora aos olhos do mundo possa parecer não ter nada, na realidade tem tudo!

Roguemos a Deus para que possamos deixar o orgulho de lado e, reconhecendo nossa pequenez, deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo. Que esse Tempo Comum, que nesta semana se inicia na liturgia da Igreja, também não passe em vão: que ele seja, como disse hoje o Pe. Demétrio Gomes (@pedemetrio), "Tempo no qual o extraordinário aparece oculto sob aparência de trivialidade". Não se esqueça - o tempo favorável é hoje, é agora!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Relatos de Roma

texto publicado em 14.5.2011, no Portal Católico Mundo Alegrai-vos


Olá, Mundo Alegrai-vos!



Hoje venho partilhar com vocês uma experiência fantástica que pude viver na Semana Santa deste ano: uma oportunidade de crescimento intelectual e espiritual em uma cidade linda, onde se respira história, arte, e fé.


Sim, falo de Roma e, é claro, do Vaticano! Tive a graça de estar ali, de 16 a 25 de abril, para participar do UNIV, um congresso para universitários de todas as áreas do conhecimento, que neste ano, reuniram-se para falar do tema “Living Freedom Decisivily” (em uma tradução livre, “Vivendo a liberdade com decisão”). Foi um momento de muito aprendizado, não só pelas palestras e pelos trabalhos apresentados, mas pela convivência com as mais diferentes culturas e pelo esforço comum de se fazer conhecer o verdadeiro sentido de liberdade, palavra tão gasta pelas pessoas, mas tão mal compreendida.

Eu (de óculos escuros) e mais algumas das meninas do grupo brasileiro na audiência com o Papa


Além disso, a vivência da Semana Santa tão pertinho da sede de nossa amada Igreja (e, em algumas celebrações, na própria Basílica de São Pedro!) foi algo inesquecível. Posso dizer que “experimentei” a Igreja: a comunhão de fieis dos mais variados lugares, de idades distintas, falando diversos idiomas, que adoram o mesmo Cristo, que se faz presente na Eucaristia. Ver, como dizia o apóstolo, “todo joelho se dobrar” diante de Jesus na Hóstia Consagrada é de arrepiar!

Isso sem falar no clima todo especial que havia na cidade em razão da proximidade da beatificação de João Paulo II: cartazes espalhados por todos os lugares lembravam frases desse querido Papa e convidavam para a cerimônia e demais atividades relativas à beatificação.

"Eu vos procurei, vós viestes até mim, e por isso vou sou grato"

Finalmente, no meu último dia de viagem, um passeio e uma proposta de reflexão: fomos ao início da Via Appia, onde fica a igreja Santa Maria Delle Piante, mais conhecida como igreja Domine Quo Vadis, em razão de episódio envolvendo São Pedro e o Senhor. Segundo a tradição, Jesus apareceu a São Pedro naquele local, quando o apóstolo pretendia, diante da perseguição aos cristãos, fugir pela Via Appia. Ao vê-lo andando na direção contrária, Pedro perguntou: Senhor, para onde vais? (Domine quo vadis, em latim). A resposta de Jesus? “Venio romam iterum crucifigi”, “Estou indo a Roma para ser crucificado novamente”.


Domine quo vadis

Que o Tempo Pascal seja momento propício para que nós pensemos para onde vai a nossa vida, após termos contemplado a Morte e Ressurreição de Jesus, com a consciência de que esse foi o preço pago pela nossa salvação. Viveremos realmente a nossa fé, em comunhão com o Papa e a Santa Igreja, ou Cristo terá que, diante de nossa covardia, entregar-se à crucifixão mais uma vez? As pedras da Via Appia nada dirão; esta resposta só nós podemos dar...


Para saber mais:
UNIV – www.univforum.org