terça-feira, 10 de agosto de 2010

O mundo, o homem, a espera

Vivemos em um mundo onde todos estão sempre correndo. Não gostamos de esperar, seja no trânsito, seja em uma fila de loja, seja no telefone. Olho no relógio, levantamos a cabeça, olhamos em volta. Rostos preocupados, ansiosos, devolvem o olhar de quem não tem tempo a perder. Conferimos o celular, pra ver se ninguém ligou. Quando menos esperamos, percebemos a batida ritmada de um pé no chão (ops, esse pé é meu). 
O ser humano não gosta de esperar: quer tudo pra ontem, pra agora. A informação tem que ser a de agora; os planos têm que ser a curto prazo; a leitura, se não for rápida, não interessa; o mundo tem que caber em manchetes curtas, que é pra não demorar muito...

***

O ser humano é o ser da esperança, é o ser que espera. É um ser que sonha. E o que é um sonho, se não uma esperança? 
De nada adiantaria contar os dias, as horas, os minutos, que nos parecem tão preciosos no relógio que levamos no pulso (afinal, tempo é dinheiro, não é mesmo?), se contamos só por contar. Se nada esperamos, vivemos para quê?
Os sistemas mais precisos dos melhores relógios não conseguirão incutir no homem esse sentimento que nos invade de vez em quando (ou de vez em sempre), de algo que se desprende do peito e vai parar no futuro, no infinito...

Mas o nosso mundo, hoje, esse não quer saber de esperar. E se nos falta esse instante, esse momento em que emergimos entre as ondas e conseguimos puxar com força o ar fresco pra dentro dos pulmões, afundamos de vez. 
Não é à toa que a isso se chama desesperança.

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